E foi ante ao descaso vil

De uma bala perdida hostil

Que uma mulher se fez

De vítima, mais uma na vez,

Da linha de tiro de fogo cruzado

Entre marginais da lei, desvairados,

Que encaram policiais e cidadãos,

Sem eira e nem beira, de antemão...

E a mulher estava grávida,

E, devido a ardil impáfia

Dos mercenários do crime,

Eis que ela foi ferida

À altura de sua barriga

E a bala veio a atingir

O seu filho, pobre infeliz,

Que ainda estava se gerando

No ventre de sua mãe, por quanto...

E, na fila dos socorridos,

Lá se foram, mãe e filho,

Ela se safou da morte,

Porém o seu filho foi sem sorte...

Ele foi ferido na coluna,

Gravemente, se constatou, em suma,

E não teve alternativas médicas

Que solucionasse tal controvérsia

De destino de um garoto

Ainda sendo feto, idônio

À toda essa barbárie maluca

Praticada em série torpe una

Contra as pessoas sem uma ode

Se quer feita, em homenagem nobre...

Assim, nem que sendo, de passagem,

Nem que fosse ao menos miragem...

 

E eis que, um menino morre ainda sendo feto,

Nem estava pronto para nascer e uma bala vinda

Da arma do acaso do descaso a vida lhe tira...

 

PASMEM, SENHORES...

Josea de Paula
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