Assim as palavras tocam, acariciam como as mãos

 

 E os pensamentos versam, poesia ao coração

 

Um silêncio ruidoso na inércia da emoção,

 

Riso fácil e vaidoso da própria abstração.

 

 

 

Seja um céu de pura chama, mar revolto ou calmaria

 

Do que sou não sei tão pouco, nem ao muito bastaria

 

A mais singela criatura, seu passo ao longe é como guia

 

Nas quatro fases da lua, as frases turvas aliviam

 

As dores, o caos e a insana lógica da filosofia.

 

 

 

Pouso as mãos na sua palma e lá repouso as minhas asas

 

Dos sorrisos que refiz na exaustão dos tantos fardos

 

O imprevisto é bem mais leve, na incerteza do afago

 

Do braço que se faz forte na correnteza de um abraço

 

Traça as curvas como um rio quando em mim desagua

 

Na mansidão rasa, da profunda e muda liberdade.

 

 

 

Voa alto, mas sobreviva

das ciências à   economia

 

Mas tão logo seja a volta,

E que o seu cheiro permaneça como ópium que inebria

 

Corpo nu que extravasa a minha verborragia.

 

Acorda aqui e faz morada, qualquer coisa que estadia

 

A prosa mansa que aquieta a própria sabedoria.

Luciana Araujo
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