Dona Maria.
Senhora da roça.
Véia matuta...
"Véia matuta"?
Desculpem, porque matuto sou eu.
Tive instrução, ela não;
Mas o gênio era ela:
Com conhecimentos rústicos e místicos
Que eu jamais soube ou saberei.
Ela sabia qual erva era boa para chá
E ouso dizer que faria remédios com esterco
E ouro de pedrilhos.
Eu, não...
Sua humildade ensinava mais que os professores.
Sua comida era melhor que a dos restaurantes.
E, olha! Acho que ela nem sabia ler!
É ou não é uma prodígio?
Sei lá, acho que quando chegou sua hora,
Deve ter dado um longo suspiro e pensado:
"Vorto de onde vim..."
E se eu acreditasse no além vida
E me encontrasse novamente com ela em meio ao universo,
Diria assim:
"Ué, minha velha: sua família a espera!
O que está a fazer aí?"
E ela diria:
"Contando as estrelas, fio..."
E eu perguntaria:
"Não são infinitas, Dona Maria?"
E ela responderia (com imensa sabedoria):
"Óia só..."
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