As horas de um dia vão passando; o relógio vai cumprindo sua função; e eu fico aqui, aguardando a noite chegar.

Bendito momento do dia, onde parece haver uma maior harmonia entre pensamentos e sentimentos.

Por que será que no silêncio majoritário existente no período noturno de um dia conseguimos fazer coisas que em demais momentos parecem ser mais complicados?
Dentre essas coisas, tornar descritível aquilo que até então era apenas existente na mente de si, sendo totalmente subjetivo, está incluido.

A solidão possível na noite faz com que concentremo-nos melhor naquilo que estamos pensando e sentindo. Uma convergência necessária para que se tenha um resultado mais limpo e verdadeiro do que se gosta e do que se é.

Nela (na noite) conseguimos deixar fluir o que realmente queremos que flua, que se exterioriz (seja por uma leitura ou por uma escrita.
Pode-se pensar que nela a tristeza reine, impere. Bem, vejo diferente. Pode ser que se alguém está triste, realmente ela se aflore na pessoa. Porém, se se está feliz, não vejo como angústia, tristeza, medos possam nascer. A menos que alguém passa a se focar nisso.
Não há algo de triste ou mal na noite. Ela não tem essas propriedades. Para que ofender algo que propiciou tantos momentos bons?

Negar a importância do amanhecer é loucura; afinal, precisamos nos sustentar; e e se ele existe, se foi criado, é porque tinha uma razão de aparecer. Sempre é bom fugir as vezes de nós mesmos para lidarmos com os outros.
Mas negar o privilégio de se ter um período do dia onde o encontro consigo mesmo ocorre de modo mais pleno, é deixar de aproveitar uma parte da vida que revela coisas que não sabíamos sobre nós mesmos.

Olhar para a Lua, para as estrelas, para as nuvens, mesmo que vistas sem a mesma nitidez da manhã e da tarde; nos faz pensar melhor no que lemos, penar melhor no que vivemos até então, no que estamos pensando, no que estamos sentindo.
Ajuda, consequentemente, a colocar para fora se preciso aqui que está latente dentro de nós; aquilo que quer mostrar ao mundo fora da pessoa que existe.

Mesmo que não compreenda totalmente porque no silêncio noturno é onde tenhamos melhor acesso a nós mesmos, os motivos já listados e a experiência de terceiros já bastam para desfrutar de poucas horas de um certo período onde muitos dormem.
Prefiro sonhar acordado.