Apenas um sonho


Era um sonho inatingível,


fora da realidade,


das possibilidades


de quem só sabe sonhar.


Trancado a sete chaves


num cofre no fundo do mar,


um mundo à parte


imergindo dons de voar,


desses que ninguém invade


sem estar apto para tanto,


guarnecido de encantos,


 de sentimentos tantos


nascidos do âmago pra se soltar


e chorar pelo que não pôde,


pelo que não coube


e teve que calar


tal a vastidão de seu penar.



Era um sonho inatingível,


praticamente impossível


de se realizar.


 Virar poeta da noite pro dia,


 perseguir a utopia


que não se deixa tocar.


Se tocada perde a magia


e o sonho vem a desabar…



 Inatingível.


Mas era um sonho,


não podia esmorecer,


cair em  abandono,


desvanecer


sem ter visto o sol


do alvorecer,


beijado a nostalgia


do entardecer


sentido a primavera nascer…


Não podia morrer,


deixar o poeta


de mãos vazias, atadas


e a alma repleta de poesia,

mutilada.



Inatingível.


Mas não impossível.


Bastaria acordar e buscar.





(Carmen Lúcia)