Cão velho, quando você adormece a meus pés
seus olhos tremulam ligeiramente ,
suas patas se movem como se em doida corrida
e há latidos tristonhos
Imagino que você está perseguindo presas imaginárias
no interminável campo dos sonhos
Chovia forte quando te avistei tão pequenino e só
na enxurrada, por ela carregado
Corri em teu socorro e nem imaginei que adotava
Um dos milhares de cães abandonados
Nossa vidas dali em diante andaram paralelas
Foi então que aprendi que é possível ter amigos
Desinteressados e gratos pela simples companhia
Conformados e alegres por um simples abrigo
Conseguiu trazer a minha vida novo amor, a Rita
A ultima mulher de minha vida, nos viu e te afagou
Nos olhamos e senti reviver a chama pálida,
medrosa, timida de quem, um dia, se apaixonou
Mas, fazer o que a Rita já partiu e nos espera
Em algum lugar da universal esfera
Se você partir primeiro, triste eu prometo
Deitar teu corpo num campo florido e risonho
Em rasa cova, de onde você possa se safar
E brincar com as presas vistas nos teus sonhos
Se primeiro eu me for, já está combinado
Te deixo aos cuidados do meu melhor amigo
Que cuidará de ti, farei falta sim, mas aceite
No reecontro voce e a Rita estarão comigo
Seremos felizes para sempre
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