O cinzento desse dia
Foi derramado sobre o meu espírito
Peso sobre o peito
Noite de pouco sono
 
Parte de mim sofre a luta
Para entender a fuga das cores
Parte de mim o sono tão sonhado
 
Parece que a vida é oprimida
Nesse momento
Carecendo à falta de ar puro
 
Então começo a pintar uma nova tela
E logo adormeço
Sem nunca conseguir vê-la terminada
E isso é o que menos importa
Não me interessa como ela ficará
Depois de pronta
O meu desejo é poder pintá-la sempre
Cada dia um pouco mais
Sem pressa
Escolhendo as cores que mais me agradam
Aquelas que não consigo reconhecer nesses dias
A cor do amor sem nenhuma dor
Da proximidade sem despedida
Da igualdade plena
Do sorriso sem choro
Do carinho sem maltrato
E da paz sem a tortura
 
Sonho com um dia vivido
Entre vivas cores
 
É preciso não deixar de sonhar
Cultivar o precioso riso indeciso
E ser capaz de conviver
Com as cores da amargura
Nesses poucos dias
É decisivo se deixar levar
Transmutar o velho cinza
Em nova aquarela
Como a minha linda tela
 
Juarez Florintino Dias Filho

Juarez Florintino Dias Filho
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