Lembro dele todos os dias.
E há muito me calo.
Deixo tudo de lado
Apenas o egoísmo o delata
 
Tudo que ele fez foi por ele mesmo
A alegria já não encontra naquilo que realiza
Tudo está ausente
Tudo que ele foi um dia não importa mais
Sua vida se esvai,
...como um rio que seca com ausência de chuva
Seu trono agora é a solidão
E sua alma já rejeita a luz
Ele teme reagir teme sonhar novamente
E nada aquece sua alma
Nem as palavras de Drummond podem te consolar
Ele é a parte menor do resta de um homem
 
Quantas vezes ele viu,
No espelho dos olhos de seu povo o rosto feliz de um Ser
Ser que agora derrama lágrimas sem sentido
Tentando encontrar motivos para explicar
 
Ah! Coração
Arrebenta de tanto sofrer
Agora clama pela chama
O calor da alma
Madrugada vem, e o que lhe reserva a escuridão?
Apenas murmúrio de pedra e paixão
Quando isso vai parar? Ele se pergunta
Até que se apague da lembrança a pujança do arrependimento,
- Isso não vai parar.
O que lhe resta agora neste momento de puro tormento
São as mãos de afeto que ele mesmo o nega

 
- O perdão.

Chico Marques
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