Rasgue as páginas de teu íntimo conto de fadas.
Dedicamo-nos aos sonhos, possibilidades e tremendas fantasias,
Mas esquecemo-nos, no processo, das coisas mais sombrias
Que regem nosso existir com mãos de ferro nunca aplacadas...
Estamos morrendo, mesmo quando nos julgamos imortais.
E a vida é um piscar de olhos na escala cósmica.
Tudo decai, os vermes espreitam e cada larva mórfica,
Anseia em roer a carne humana em seus momentos finais!
Quanto valor atribuímos às nossas parcas existências,
Quando somos ínfimos, degradantes e sistematicamente doentes!
Uns assumem seus pesos, outros se apegam ao medo e crentes,
Jogam a culpa de suas falhas em outras inerências...
Somos bombas. Bombas de virulências ambulantes!
A um momento, explode sangue e escorrem vísceras pela minha boca!
E minha emoção depravada é pútrida, anormal e oca,
Tal qual a paixão dos traidores e suas promíscuas amantes!
E enquanto sorrimos a demonstrar superioridade e confiança,
Dentro de nós o tumor vai crescendo e gargalhando incógnito.
E em ânsias de uma eternidade, de um vazio precógnito,
Vamos contando vantagens como faz a inocente criança...
Quem sabe o que nos traz à vida é a própria morte?
Sei que não temos razões para sorrir e o prazer, tão passageiro,
É um mero anteceder de uma parte sem um inteiro...
Vivemos o sonho, quando o pesadelo é o que nos espreme tão forte...
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença