Não Posso Evitar!

Falácia Poética
Quando alguém tenta ser belo sem ser conciso.

É fácil hoje, já que poucas palavras são ditas.
Não porque exista pouco a se dizer.
Mas os perfídios ignorantes ainda buscam maneiras de destruir a arte.
Levam vidas levianas.
Ofendem até os inocentes.

 


Falácia Poética
Quando as leis são mais importantes que o conteúdo, quando o conteúdo só é cogitado por ignorar as leis.

É simples quando dizem que a métrica está morta. Proibir alguém de se expressar por sua falta de conhecimento não me parece certo. Mas eu não tenho conhecimento, então está fora de cogitação, correto?
Integralmente errado. Este pensamento é a preocupação que me atormenta. Quando se trata de arte nunca fui um legalista, pelo ambiente em que cresci. Mas será que eu sequer cresci, ou nunca me esforcei para desenvolver novas leis? O futuro da arte depende de pessoas que ainda não são independentes. A falácia impera a poesia novamente.

Falácia Poética
Quando seus comprometimentos ultrapassam o senso de qualidade, quando sua produção ignora os compromissos.

É fácil em meio a vidas corridas, escrever algo que agrada aos olhos de quem só quer parar e descansar. Eu não vou fingir, nesse caso. Descansarei o máximo que posso. Não com meras palavras atiradas num pedaço de papel. Cansei de fazer as árvores chorarem e destruir o meu planeta. Cansei de cada corte, cada tirada, cada treta. O meu descanso está num sono profundo. A falta de ação, não; mas uma ação que começa e termina por ela mesma. Como diria Shakespeare: 

"Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação."

Falácia Poética
Quando a crítica só chama atenção ao autor, e não exalta os sentimentos expressados.

Isso não devia ser tão comum. Isso não se deve ao egoísmo humano. Nem a uma vaga busca ao poder. Não ser Anarquista nem Niilista é simples, quando obtém algo muito bom em que crê. Porém se sua vida é uma desgraça, de fato, optar por vingança é óbvio. O inesperado é abandonado. A propensão realiza o caos. Quando levamos tudo ao sentimento, porém, o sentimento se extrai. E o sentimento confunde. Uma emoção não pode ser inserida em outro a força. A poesia e a prosa dão as mãos a provar a falta de sentido, na existência do sentido, na ausência do sentido, na busca do sentido, e em não buscar sentido.
Nesse sentido, a lógica é o rumo que decidimos tomar. Sendo na literatura ou na música, o verso está comum. Mais comum do que devia. E essa restrição, é uma falácia. O demérito paradoxal, afeta minha pessoa.

Falácia Poética
É a essência de abandonar a ética, se apossar da poesia, a arte viva. 
Não respeitar as criações, e dizer que estão em toda parte. 
Não respeitar o todo onde vive a arte. 
É atribuir as criações a homens. 
Todo autor assina, sem assassinar nem criar a poesia.
 Pois ela vive eternamente e se concretiza, nos ouvidos de quem ouve, nos olhos de quem lê, nas mãos que escrevem. 
Acima de tudo, a poesia está em corações interligados e mentes abertas. 
É uma reorganização dos padrões humanos.
Mas sem conceitos antrópicos, a poesia está nos cumes dos picos, nas fossas nasais e também nas abissais, num beagle e no seu umbigo.
Nunca se concentre nisso, a poesia está no próximo. Nas entrelinhas, nas estrelas vizinhas.
Na experiência dos mais velhos, na inocência dos mais jovens.
Só não está onde não permitem incessantemente, preferem um descontente.
"O poeta é um fingidor", não um falso.
"É aquele que não pode se chamar de poeta".
Vamos lá, mostrem a eles, como nossa abstração é concreta.

 


E se não puderem...
Tentem de novo...
E se não puderem...
Tentem de novo...
E se não puderem?
Tentem de novo!
E se ainda não puderem...
Façam silêncio...

Um texto sobre arte, poesia e conflitos internos.