A rainha do meu trono.
Quando eu te conheci uma luz se acendeu,
Brilhou, cresceu,
E feito um bater de asas
Desapareceu.
Enchi meus olhos de luz,
Meu coração se encheu de alegria,
Da noite me entreguei ao dia,
À luz que me conduz,
Mas como um cão abandonado,
Fui deixado de lado,
Até o mais profundo silêncio,
À ausência das palavras,
Dos gestos, e as asas
Foram cortadas sem prenúncio.
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Volto à minha solidão,
Fiel e estranha companheira,
Necessária, sorrateira,
Demasiada amplidão;
Com a mão esquerda acolhe,
Com a direita fere;
Não há nada que se espere,
Nem que se renove,
Sua presença é vazia;
Imensa, mas asfixia,
Durmo sem sono.
Eu bem sei quão bom seria,
Se fosse minha companhia
A rainha do meu trono.
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A cada dia que passa,
Ainda sinto a ferida
Aberta, enlanguescida,
Onde uma lança transpassa,
Pois não ficou a sensação
De calor, de verão,
Nem as alegres cores
E perfumes de suas flores
Que via em teus cabelos,
Sentia em teu cheiro,
E aquecia-me em teu sorriso,
Destas cinzas me refaço - ou me integro
Pois algo morreu - eterno
Até o fim dos meus brios.
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