-Terra à vista, capitão! - gritou o marujo. - Terra à vista!
Vem a passos largos, Cooper, o capitão
Exaltado de excitação,
Admirar a terra no horizonte, a Ilha do Jurista.
-Finalmente… - sussurrou Cooper, com os olhos brilhando - O fim do curso!
Seis anos demorei - toc! Bateu o punho na madeira. -
Seis…longos… anos… no percurso.
O vento soprava fresco, já trazendo o cheiro das palmeiras.
Era para Cooper ter demorado cinco anos,
Mas como foi pego pelos mais sombrios
Dos tempos profanos,
Repetiu partes do curso duas vezes.
Torcia, agora, pela boa ventura dos deuses,
Acabar em seis anos…
E lembrou-se de sua jornada até então:
A animação inicial, por ter tornado-se Capitão,
Depois de dezoito anos como marujo limpa-chão.
Mas a alegria logo esvaneceu-se, e o tédio e o pessimismo
Tomaram conta de sua mente e coração.
O balancete infindável, que o navio nas ondas jazia,
Vivendo do escasso otimismo que o vento trazia;
A cada dia a tripulação diminuía,
Vítima de desnutrição, ou ventos, tempestades,
Navio afor’a jogaria.
Os dias se passavam sem se ver,
Uns ruins, outros piores,
Até que no fim do primeiro ano, ele chegou no amanhecer
Junto com diversos salteadores.
Wilabama era como se chamava.
Apelidado de “Senhor do Escuro”:
A tempestade que os mares abominava.
Robusto, com espessa barba laranja,
Tapa-olho e chapéu,
O olhar era frio, mau, e psicopata: Wilabama e cia,
Eram peritos em mandar os outros para o beleléu.
Seus navios Cooper bombardearam,
E da rota desviaram,
Com sede de conquista;
Furioso, O Senhor das Tempestades,
Impôs guerra nunca vista.
Wilabama e tripulação, estes, como ele, eram maus e barbudos;
Longas armas empunhavam;
Vinham correndo e matavam
Até indefesos sem escudo.
E a batalha seguiu-se dos climas mais amenos aos mais endiabrados;
Os soldados, eram reis, coroados,
Pelas estrelas: jóias lindas,
No tempo sem tempo do universo,
Que não começa e não finda.
Já à espessa batalha, as estridentes
Facas, espadas, tiros e bombas voaram e soaram
Debaixo da trilha sonora em água ardente,
Onde a honra e a coragem gritaram;
Corpos e almas no mar se afogaram.
Solas derretiam em nostalgia;
Corpos caíam falidos, sem magia,
Em banques surdos,
À defesa ou ataque do Cooper's Cia.
Poderia fazer o mais claro dos dias,
Que a sombra sempre reinava;
De aurora em aurora,
A morte era a vida que se coroava.
Uns queriam se render, outros lutariam até a morte;
Uns ainda estavam sem se ferir;
Outros haviam morrido num único corte.
E, finalmente, Cooper furou o coração de Wilabama
Com sua espada branca, Dee, a Pura;
E aos poucos a batalha foi findando:
Os vivos foram à prisão do navio, os mortos à marítima sepultura.
E então, Cooper em seis meses repetiu o antigo trecho,
E voltou à rota, e lutou por um bom tempo apenas contra o mar,
Até que no começo do terceiro ano, Yalek,
O albino, veio lhe importunar.
Ele e seus comparsas eram carecas,
Ricamente tatuados,
Usavam enormes brincos amarelos,
E expressão de mal-encarados.
E outra épica batalha aconteceu, aos estridentes bombardeios;
Foi sete vezes mais enorme;
Transformou muitos mais vivos em espíritos disformes,
E, Dee, a Pura, cantou novamente, e logo estavam à paz em saboreio.
Retornaram à rota, repetindo onde foram bombardeados;
Capitães colegas ficaram impressionados,
De como de como Cooper’s Cia deixava seus inimigos assassinados,
E de “rebeldes noviços” foram apelidados.
Agora, na emoção de luz e lágrimas de seus olhares,
Cooper e tripulação, viam o triunfo esplêndido
De sua luta sob os corpos celestes estelares,
E poderiam, enfim, dar o curso quase por vencido.
-Quanto tempo até terra firme, Capitão? - perguntou o mesmo marujo, animado.
-Um ano - respondeu o Cooper alegre e firmemente. - Se não der nada de errado.
Pelo menos é o que o Vade Mecum (o código dos mapas) está indicando.
Independente das coisas, estamos chegando!
-Argh! Argh! - grunhiu o papagaio. - Estamos chegando!!! Estamos chegando!!!
-Cooper! - gritou Guzzy, seu primo. - Conseguimos, seu danado! Há! -
E deu um forte tapa em suas costas. - Vamos comemorar, fumando!
Ascenderam um Fumo Boni Iuris e ficaram vislumbrando a vista,
Da Ilha do Jurista…
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