O corpo a ebulir em miasmas e profanação,

Apodrecendo a cada dia, cada segundo que passa...

Vou-me encolhendo, sentindo a universalidade da desgraça

Humana, e inerme, ouço palpitar morrente o meu coração.

 

Como pretender ser algo mais se só há aniquilação?

Eu tento preencher meu tempo em busca de alguma graça,

Mas então vejo que tudo será esquecido até restar a carcaça

Pútrida de tantos ideais mortos sem realização...

 

A morte plantou em mim uma entranhada semente

E vejo tudo de forma decrépita e com angústia demente.

Um inferno indo além do conceito de inferno...

 

Sou um morto-vivo, pois o corpo envelhece em um'alma morta!

Quando fui criado, a podridão espreitava atrás da porta

E interiormente eu me deprimo em um pesar eterno...