Novembro é o mês oficial da saudade, latino, bem brasileiro.
Aliás, somos os precursores  da palavra que relata sabiamente a dor da ausência na tristeza mais sentida que contradiz com as alegrias inebriantes do convívio que já não mais o é.
Uma ode à finitude e ao adeus provisório, diga-se de passagem.
Já que sou um tanto quanto otimista, julgo como a celebração do amor reciclado, não perecível.
 Um sentimento que o tempo não descartou.
É o ritual da paz sem limites, que ultrapassa a temida e certeira morte.
Prefiro ainda crer na ressurreição do reencontro das almas que nos sublima , eleva e fortalece.
Dignifica também na vivência dos dias e nas relações com aqueles que amamos, já que o universo material é efêmero e cada momento a mais é brevemente um instante a menos.
Saborear as pessoas e suas virtudes , não economizar nas palavras doces e gentis , ser resiliente e exercitar o perdão pode um paliativo para as dores que virão com a partida.
 O inevitável pode ser agora.
Como prever?
Lastimar o que poderia ter sido e não foi é inútil.
Chorar no muro das lamentações e se perder em meio ao remorso é um arrependimento vazio,o expoente das dores absurdas.
Pela manhã , cumpri meu ritual.
 Levei rosas vermelhas ao meu bom e saudoso pai.
A minha saudade tem cor e cheiro.
 Ele não se encontra ali,vive em mim e com ele me encontro todos os dias.
Sem firulas, já que não perdemos tempo.
 Todas as palavras foram ditas, os sentimentos compartilhados.
Não é fácil desvincular-se na entrega da imaterialidade, mas é inerente à natureza humana.
Que não nos falte fé na correria dos dias.
Louvado seja Deus!

( O saudosismo é um prêmio, consola na impossibilidade da presença.)

Luciana Araujo
© Todos os direitos reservados