Dê-me o embaixador do seu país e o levarei
Até as fronteiras da loucura
E lhe mostrarei os olhos cheio de medo das crianças
E suas mãos vazias sem nenhum cisco de pão
Enquanto gritam aos céus por seus pais perdidos...
 
Dê-me o rei de suas terras e o levarei
até onde fazem emboscadas
E lhe mostrarei homens sem ódio sendo abatidos
E seus corpos largados ao longo da estrada
Enquanto comboios seguem o cortejo da morte...
 
Dê-me a rainha de sua corte e a levarei até os acampamentos
De homens ferozes
E lhe mostrarei as marcas da violência e bebês
largados em valas comuns
E o rio de seus olhos já seco e sem esperança de sal e peixes
Enquanto cantam a canção que toda mãe cantaria a seus filhos...
 
Procure nos catálogos quantas religiões
E máquinas o homem já inventou
E lhe mostrarei que a maior de suas invenções ainda é o amor
Ainda que seja esta a invenção que mais lhe causa medo
Pois o fará se despojar de todo o seu rancor
Deixando-o nu diante das estrelas...
 
Procure na gaveta de seu quarto e lá estarão guardadas
A cobiça, a vaidade, a ira, a mentira, a cegueira,
Que todo dia de manhã as encapsula ,
Engole suas pílulas,
Segue pela estrada dos homens
Repleto de sonhos estranhos
Contra os seus semelhantes...
 
Dê-me os homens mais poderosos e os farei subir
Até a borda do abismo
Onde todo homem comum sobe todos os dias
E lhes mostrarei corpos curvados
Diante de parafusos e o odor de fome que sai de suas marmitas
E os chamarei para que se virem e mostrem seus lábios ressecados
E que mesmo assim ainda oram e cantam
Pois sabem que a esperança
Pode morar longe mas um dia virá habitar suas casas
Que longe da pompa dos palácios guardam a simplicidade
Como o pássaro o ninho feito de palha no alto da árvore...
 
 
 

Prieto Moreno
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