O caos me faz bem ( o apagar da vela )

Eu também sou da noite,
Das nuvens escuras
Que cobrem a Lua;
A Lua vermelha
Em noite de eclipse,
O vento violento
Que assovia pelas frestas,

As sombras ocultas
Misturadas aos muros,
O felino sutil
Vagando sobre as telhas,
O caos da tempestade
Nas trevas da noite,
Os nossos olhos inúteis,
À procura de ocultas estrelas,

Me sinto bem
No caos da noite,
No silêncio e nos sons
Que soam, que voam,
Gosto da luz da vela,
Trêmula, hipnótica,
Onde se faz
Sombras com as mãos ...

Contemplo o temporal,
Vivo, imponente,
Aquietando os homens,
Assombrando os fracos,
Sou da noite turbulenta,
Nela alimento
Quem ainda dorme
aqui dentro ...

É bom ser homem,
Sentir o primitivo,
Porque somos
Também evolutivos;
É bom o apagar da vela,
O caos é meu amigo,
Porque a noite escura
Também
Me mantém
Vivo.