Olho para um lado, sacrifico

Olho para o outro, desmaio

Acima, avisto o céu, não me convenço.

 

Esperanço o horizonte, uma saída, talvez

Não o atinjo, então suplico, em vão

Atiro uma sorte, que azar, a bala volta-se contra mim.

 

Perquiro uma alegria distante

Ilusões me abraçam afetuosamente

ludibriando minha razão

Acabo igual, em prantos.

 

Desilusões me acometem do mesmo segredo

Derradeiro, penso eu, não certamente.

Insights são raros, fugas estão constantes

Duro de sair poesia, fácil entregar-me a um bar

 

Sem saída, penso. Engano-me

Pois há sempre cem saídas, eu que não as vejo

Certamente porque não bem as procuro.

 

Sem saída é um desespero, um montante bem gigante

de profundo sofrimento, uma angústia massacrante, que nunca finda

mas tudo nos conformes, como previsto, como deve ser para se poder crescer.

 

Esperança esgotada, limitada, escondida, frustrada

O que me resta, senão, uma saída

que se materializa através da luta diária

Por um pedaço de verdadeira alegria

Que se alcança quando se medita.

 

Que a razão mudasse minha perspectiva

Minha mente transformasse minha realidade

Minhas escolhas irresistíveis aos olhos do bem

E a resistência necessária para se alcançar a vitória

São orações perenes e fluidas, do fundo do meu ser

Do ser que é e será, do ser que já foi e ressucitará.

 

Escondo-me por um instante

Volto, me arrumo, de peito aberto

Estou eu disposto, outra vez

Para mais uma briga diária

inútil, sofrível, repetitiva, sem juízo

Antes abrisse um precipício

Do que aguentar tanta iniquidade

Tanto excesso de maldade

Que poderia se evitar, quem sabe,

Através de uma canção, através, porque não,

de uma grande genialidade.

 

 

Diego de Andrade
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