O PISCO-DE-PEITO-RUIVO

 Sentada numa cadeira diante de um notebook, eu acessava vários sites em busca de algo que me distraísse de meus problemas, uma profunda tristeza me abraçava naquela manha de inverno, mas nem a internet conseguia entreter-me, então me levantei e fiquei perambulando pela casa tentando encontrar algo para fazer, mas eu estava totalmente pra baixo, sentindo que o mundo estava desabando sobre mim, até que fui à janela, e através da vidraça, fiquei observando os telhados das casas cobertos pela neve, estavam tudo branquinho, as estradas, os jardins, os galhos das plantas que balançavam com o peso na neve era lindo de se admirar, mas alguma coisa se movia no jardim de minha vizinha em um cantinho que não estava coberto pela neve, olhei atentamente e vi que era um pisco-de-peito-ruivo muito jovem, pois sua plumagem ainda era castanha e densamente sarapintadas de bege, não tinha completado ainda um ano, com certeza havia nascido na primavera, fiquei observando-o, ele saltitava e bicava o solo tentando encontrar alimento, foi quando que me dei conta de sua fragilidade, tão pequeno e corajoso, enfrentando aquele terrível inverno tão rigoroso que o castigava, corri até a cozinha atrás de qualquer coisa que eu pudesse dar a ele para comer, mas quando retornei com um pacote de biscoito salgado que eu pretendia esfarinhar e jogar da janela, infelizmente ele já tinha partido. Mesmo assim, fiquei ali esperando por alguns minutos que ele voltasse , mas ele não voltou, respirei fundo e senti vergonha de mim mesma, eu um ser racional, estava me deixando levar por alguns problemas que a vida expõe, e que muitas vezes serve para fazer com que nós cresçamos como pessoa, mas eu estava ali se lamentando, achando que o mundo tinha acabado, enquanto que lá fora havia um passarinho tão pequenininho que enfrentava com valentia os obstáculos do inverno. Aquela pequena ave deu a mim o que eu tanto almejava naquela manhã frienta, “a força de lutar”. Dias depois ouvi seu canto e sorri de emoção na esperança de vê-lo novamente, desta vez, com sua exuberante cor laranja ferrugínea.

MERE
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