A prosa do pedinte

 No entoar duma velha balada,
Ouvia os ecos na cabeça.
Com a cara encostada no vidro,
Ouvia-o percorrer pelo túnel:

- Um pedinte com a sua amada,
Num movimento que talvez mereça
O prazer do folhear de um livro
Entranhando o perfeito batel.

No abrir do gesto insignificante
Embarcava pela porta, a nuance
Da negada vaidade ao seu alcance.

Amordaçado ao trilho de ferro
Entoava no cálice de corpos
O olhar desviado do prazer

No opusculo, escondia o erro,
Acouçado dos meus olhos mortos:
- A lógica que ao pobre queria contradizer.
 

Sandy Sousa
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