
MASCARA
Um ser sem ser
e seu mero tédio,
além do legado zero
de vida, que se refugia
a beira do seu sono
agitado sem sonhos.
Absorto na estação,
indiferente ao porto,
alheio pelo tempo.
Então ! Que se
anunciem vendavais !
E no quedar-se assim :
pensando, elucubrando,
no último e definitivo
repto entre todos os fins.
Ao já sem posse de forças
pra resistir ao próximo
amanhã, numa total
compulsão de ter que
eleger uma nova
persona (mascara)
para prosseguir.
Quer exato sumir,
lançar-se ao infinito
que seja, onde não lhe
reste nem chão, nem
amparo onde cair . . .
Pra que nada mais
de seu, possa se restituir
dum "eu" assim
tão indigente.
E carregar por dentro,
para o sempre do seu
nunca em anulação;
essa dúvida gritante do
irrevelado a um só tempo:
"o que é posse e doação,
dessa arquitetura infernal
chamada amor . . ."
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