Brindemos com vinho

Escrevo, perdido,
e da vida mendigo.
Como se Deus me beijasse os pés,
como se eu lhe beija-se a face esquerda.
Que Deus nos livre do diabo que és
e do sentimento de perda,
sem fundamento,
que sinto.

Minto!

É mais que ausência,
é incoerência.
É mais que consciência,
só pode ser demência.
Como podem as pessoas ser tão más,
em ser, apenas, como gente?
E eu nem sei a quem te dás
quando também te sentes doente.

Que triste gente.

Vejo nas estrelas o nosso destino,
sem tino.
Vejo na noite
a nossa história.
A vida comigo, um açoite,
e os campos verdes são memória
da glória.

Brindemos com vinho.

Tomás Oliveira de Andrade
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