A mancha no muro,
parece uma cara,
parece que fala,
tem olhos sofridos...
O rosto no muro
tem ar obscuro,
parece um fantasma.
É como se o mofo
retratos pintasse.
O moço grudado,
guardado no muro,
parece cansado.
Conheço alguém
que tem essa face,
ou usa um disfarce
que é a cara do muro.
Parece que olha
pedindo-me ajuda,
é só uma imagem
estática e muda.
Mas tem algo estranho
na forma do rosto,
parece desgosto.
Parece que o moço
que vem da mistura
do mofo e o vento,
padece sedento.
É só uma figura
na parede dura,
parece loucura
não ter sentimento.
A mancha no muro
não passa de puro
capricho do tempo.
CARLOS FREITAS DE SENA
© Todos os direitos reservados
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