Num olhar tristonho e sombrio
um resto de vida, projeta no imenso vazio
indagações que o tempo não responde
segredos que sob as cãs se escondem,

As batidas no peito que outrora eram fortes
relutam ainda, apesar do limite norte
a respiração ofegante, indica a sorte
num fragmento de  vida que resiste a morte,

O sorriso abundante que enchia a face
deu lugar a um semblante sofrido e castigado
as marcas do tempo são duras e implacáveis
atingem violentamente quem já é quase passado,

As pernas não podem mais suportar o peso
uma cadeira de rodas é o recurso apropriado
alguém, conduz o pobre velho já indefeso
que aguarda o desfecho de seu inevitável estado,

As luzes vão se apagando
a chama fosca permanece acesa, mas a luz não tem
a vida aos poucos vai entregando
a frágil matéria, que não assegura eternidade pra ninguém,  

Eis o cenário que ocupou hoje a minha mente
quando caminhava pelas ruas do centro, contente
de repente meus olhos, fixaram naquele ponto escuro
a reflexão logo me veio, me dizendo o quanto é imaturo,

Levar a vida como se não existisse o duro amanhã
deixar a arrogância inconsequente dominar o peito 
passar os dias contando festas, sem ter a noção
do quanto é necessário praticar o bem e viver direito.

É preciso refletir no amanhã e pensar
buscar a presença de Deus no caminhar
amar ao semelhante, no agir e no falar
e amar a Deus, sempre, em primeiro lugar. 

Joaquim Jose Tinoco de Oliveira
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