O punhado das cinzas de suas espectrais palavras alçadas pelos presságios brumosos de qualquer concessão da realidade exaltada, embora esteja definhada pela inexpressividade do tempo desolado, perdido e interdito pelo esboçar empalidecido das lembranças jazidas de um amor imergido nas sombras oscilantes das ruínas dos naufrágios — poderia ressuscitar a alma dolorosa da mágoa, esse sentimento espezinhado e macerado sob o tempo enclausurando todos os sonhos? Haveria o orvalho escanzelado a cintilar uma crepitante esperança no alvorecer gélido das rezas frias, lânguidas e murmuradas nos desvanecidos girassóis? Sua poesia afagou sutilmente as devastadoras chagas da minha alma, fazendo-me esquecer as ilusões da minha alma também cinzelada pela incompreensão lodosa! Mas o tempo é capaz de ultrapassar essas sombras do desespero, ou esses negros charcos resignados a manter as dúvidas de um frágil pairar da neblina que, sem dúvida, nada é capaz de revelar com a absoluta precisão brutal, assim como os límpidos lagos a refletir uma tempestade que se aproxima? O verdadeiro amor poderia renascer nesses charcos manchados pelo sangue da mágoa sufocada pela inconstância de um coração frívolo e imaturo?
Desejo que os seus sonhos não estejam jazidos aos pés da vida, pois eu estou como uma pintura das palavras de Florbela: anos e anos, a sua alma tinha sido mais dolorosa que uma chaga; estava toda marcada de nódoas negras, ninguém lhe podia tocar...