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Eloisa

Eloisa

" Assim, encontrei-o já envelhecida, com pouca saúde e pouco gosto de viver. Tudo que tem sido possível fazer-se, tem-o ele feito por mim: apanhou o farrapinho, aqueceu-o e anda agora com ele junto ao coração."




O que se pode esperar de uma formidável dimensão do conhecimento múltiplo, cuja qualidade atingira um traçado excelente do sucesso vertiginoso, devido à estranha relação mantida entre a sensibilidade de uma esmerada paciência, e a experiência solitária do ávido silêncio a emitir uma simbologia incondicional as verossimilhanças da inocência que, durante o reconhecimento do delineado sustento para todas as necessidades emocionalmente instáveis, talvez se submeta a prezar as disseminações finitas de uma reputação alcançando as mais elevadas controvérsias? É possível ter o terno olhar, bem como desempenhar uma compilação das lembranças apreciando um futuro a ser decifrado por àqueles que pertenceram ao passado perdido em seu conjunto de sombras? O que significa o arcabouço da encenação social que, a princípio; retoma os diálogos inexpressivos, e os transmuta num pronunciar confinado e personificado na linguagem degredada dos rochedos de encontro às ondas revoltadas? E esse vinho que lhe embriaga por não resistir à representação drástica da indelicada vida duma dolorosa mágoa agressiva, repleta por diademas enregelados pela recordação da morte, que não consegue arrancar todas as nódoas da culpa a vivenciar o seu supremo envolvimento pessimista, certamente trará o afastamento e a repulsa, pois essa mágoa pertence ao olhar interrogador e insensível do negativismo exemplificado na alma trágica da sinceridade sempre crucificada!


Devo considerar o seu estranho erro, pois nenhuma palavra possuirá o suficiente para a compreensão de todas as transformações incomensuráveis e perscrutadas pelas nuances dos átimos regidos por nossa indizível inflexão, assim como as verdades cambiantes e aprisionadas pela sistematização do medo, da vaidade, do prestígio social. Sentimentos que também são velados por alguma aparência de excessiva benevolência e, frequentemente, uma sombria complacência condicionada somente aos momentos unidos à inconsistência da relatividade reservada e atormentada pelo domínio da hipocrisia. E como descrever essa frágil embriaguez a confessar àquela mortalha que presenciara a alma esvaída nas terras mortuárias, estas que cantavam as violetas esmagadas pelas raízes ressequidas dos girassóis? Flores amarelas, entorpecentes entre as construções esculturais da efemeridade das realidades terrenas, e tão entremeadas nos gélidos pilares de um peito em ruínas, como se as respirações cedessem à extensão das cinzas da obscuridade. E você teve o sentimento de admiração ao contemplar a sua alma refletida num abismo cortejado pelas sombras dos espectros do passado — como um resoluto nevoeiro que está guardado nos sacrários envolvendo o sangrar da mágoa —, apenas pela razão de sua leitura a sorver uma bebida destituída de felicidade?


O sonho de viver numa casinha aninhada pelas asas vulneráveis da complexidade humana, que avança e se modifica durante a excelente disposição da velocidade inexata, nunca tornará a constância de mútua compreensão! Diante disso, a mágoa condenará com sua integridade ao encontro das lembranças que suscitam a desgraça em torno das seculares circunstâncias da imaculada cordialidade; esta que lhe pedira uma concordância de ser testemunhada pelas injustiças das fraquezas atraídas por efêmeras cenas de respeitabilidade ou regras. Entretanto, ainda tão rude, amarga, endurecida e de olhos fitos nas mãos rubras e pregadas, a mágoa talhada pela dor de Florbela, possui a alma influenciada pelos inesgotáveis sentimentos irreconhecíveis; e que se transformam gradativamente em outras formas e, outra vez, deliberadamente, afastam-se com o absurdo da própria incapacidade de revelar o que provocara o abrupto distanciamento. E, apesar de se aproximar e permanecer empertigada por não conceber a elegância das palavras tão delicadas, passivas, impedindo qualquer sombra imediata de realidade, ou uma das facetas impetuosas da virtude brutal das verdades, a mágoa não pôde distinguir quais sentimentos predominam em sua vida protegida pelo invólucro perfeito da morte do passado, pois há tanta dor e prazer, angústia e felicidade, em que a sua própria percepção definhada à espera do romper do tempo ressuscitado; tornara-se novamente estimada e amada pela ilusão!


Então, essa alma jazida canta os versos com a grave reação dos mortos que não podem ser ressuscitados com as pequenas gentilezas impassíveis: deve ser tão bom ser alegre, ser feliz, não é verdade? Ter a alma quente como o estofo de um ninho, ser pequenino em tudo até nos desejos, que bom deve ser, não deve? Os corações pequeninos, os modestos, são sempre bondosos, tão quentes! O meu anda à solta, tão grande, tão ambicioso, tem sempre frio, está sempre só... Ninguém sabe andar com ele! Portanto, eu não posso ser a Lena eleita, pois os meus sonhos nascem e morrem sucessivamente, insatisfeitos, transformados e persuadidos pela liberdade dos outros sonhos do universo!


E haverá a possibilidade de viver com esse coração de miserável condição? Haverá a paciência para ter um farrapo nas mãos, estas que já tocaram a perfeição do manto sem nenhum pecado?