Á Lucila Guedes

(Sem quem saiba ler não há porque escrever)

 

Quando teus olhos pousam sobre palavras desfalecidas,

toma-as teu encanto, traze-as à vida;

andam a se darem as mãos compondo-se em poesias,

vieram de noites estreladas, outras do deslumbrante dia...

 

Nasce o sentido que sentido dá a tudo o que há,

que há de permanecer nos campos da eternidade

como fossem girassóis de um Gogh alucinado,

que nos entra retinas adentro como ondas de um mar

que nos lava das passageiras verdades,

transporta-nos ao amoroso perpétuo estado...

 

Que se apague a chama elétrica do abajur

e só o vulto do poema andante permaneça no ar;

ainda lá estarão teus olhos de permanente luz

a ler no entre-escuro as chamas da poesia do olhar... 

 

Prieto Moreno
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