Em toda minha vida, nunca quis viver...
Como um sensível bicho pela terra a vagar estou
Contrário, sou presa fácil da brutalidade universal
Desde o bruto ato de nascer fui tomado pelo nojo existencial
Os papéis a mim estabelecidos, rasguei
Ao regionalismo e às tradições praguejei
Para cobrir-me contra o mundo, da angústia mais profunda provei
E mesmo afogado neste fel, a árduos passos, bêbado em auto-suficiência dolorida
Escalpelado pela moral furada
Atormentado pela compostura
Divertido por orações impróprias
Regozijado pela abstração e sonho de fuga eterna
Quero voar para longe
Onde ninguém determine o pré-estabelecido
Quero morrer sorrindo
Para queimar este verme sádico adornado na memória
O mundo só proporciona a dor e trabalho
O desespero parece não ser livre, só a incitação a morte...
Outros tolos pensam que decepar a cabeça do amoral trará a salvação
Mesmo não sendo donos dos próprios corpos, confortam-se e amam-se, destruindo uns aos outros
Se não andar na linha, te enforcarão com essa linha
Não existe liberdade, tão pouco compaixão
O egoísmo é regra, o individualismo é subvertido
A sanidade é um veneno que lhe consome aos poucos
A sociedade é um buraco aberto por sanguessugas humanas
A sobriedade é o remédio dos verdadeiros loucos
A insistência poderá levar até o fim da vida, o tempo que durar,
saboroso o tédio será ou entorpecido pela televisão serás?
"CA-K:"
Obs: Para narração de uma música ainda não lançada)
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