O menino, sal e mar...

Ele Galgou silencioso as ondas do mar...
Determinado, dominou-as.
Como que encilhadas, elas se rebelaram:
Onda de respeito não aceita ser dominada.
Enfurecidas, lançaram no espaço um protesto de espuma.
Sem pressa nenhuma, o menino insistiu.
A onde mais brava se revolveu e se insurgiu,
Arremeteu, rosnou, subiu,
Arranhou o céu, aliviou-se ao vento,
Formou sua muralha de cimento e arremessou.
O menino sorriu seu sorriso moreno,
Que desde pequeno levava consigo para os momentos de dor e perigo.
Enfrentou a batalha de água, de espuma, de muralha, de desaforos do mar.
E só foi sossegar, quando a onda achatou-se na areia, 
Submissa...
Ele entortou-lhe o brio, a força, a dobradiça.
Vitória assegurada,
Pegou a prancha, guardou o sol  e partiu.
A tarde quando viu, arrepiou-se toda,
Ameaçou, exigiu, derramou seu veneno numa fúria pérfida e voraz.
Ela não sabe do que é capaz, 
Um menino de sal e um sorriso moreno.
 

Mauricio Lomes
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