Sociobiologia de um habitat inóspito

Forçando-nos a mudar para adaptarmos
Ao meio cotidiano hostil
Ação lamarckista de vida
Desenvolvendo a mesma forma de pensar
Seleção artificial antrópica por um ambiente vil
Exclusão natural, daquilo que é natural
Por ser estranho, incômodo e anormal
 
Baseado nas velhas esquecidas formas de conduta
Vivendo como 500 anos atrás
Conservando o regresso
Em seus mais irracionais atos
Estereotipando e distorcendo os fatos
Inibindo nossa personalidade a normalidade fajuta
Ironizando a amada bandeira de ordem e progresso
 
Classificação desconsiderando o isolamento geográfico e cultural
Induzindo espécies iguais de diferentes habitats e nichos
Às mesmas recombinações gênicas
Transpassando a nossos descendentes
Esses caracteres adquiridos
Para não ser uma presa boçal
Cuja carcaça jogada nas celas imundas da cadeia alimentar
 
O mundo normativo
Pertence aos dominantes
Cujos alelos pigmentares devem ser recessivos
Em inibição das características dos demais habitantes
Com o seu batido discurso hipnótico
Sustentando o ponto de vista panóptico
Seguido pelos súditos inconscientes
 
Os súditos tudo assistem, tudo vestem
Idealizam o que mostra a rede das sombras
Quem não compartilha as mesmas características sociobiológicas
Como uma espécie não catalogada é mal visto, de maneira ilógica
A variabilidade genética se erradica no âmbito ideológico
A partir do cabresto do errado e do certo, proibido e liberado
A hipocrisia é impregnada e o amplo pensamento é aprisionado
 
Costumes desnecessários impedem hábitos preexistentes
Repressão de escolhas e de orientações
Surgem rótulos e conceitos pré-estabelecidos
Justificados por tradições degeneradas e banais
As quais pelo martelo do tempo devem ser subvertidas
Heracliticamente a episteme segue a racional dialética
De modo que sejam mutados esses genes sociais letais
 
Os detentores do caos nos prometem o paraíso
Enquanto se deliciam no castelo da carne por eles proibido
Mas o omitem de nós, meros mortais
Constituindo a retrógrada moral
Algo por eles criado, agora por eles esquecido
Apesar de nos forçarem a respeitar, senão Deus castiga
Mediante as suas regras de umbigo narciso
 
Cérebros não acompanham o mover dos tempos
Relógio bioideológico desregulado
O brilho das telas ofusca um olho monofocal
Calor cômodo derrete icarianas asas
Formando uma nação de aves migrantes para uma só região
Iluminada à polarizada luz de velas, na era da iluminação
Uma faísca da pedra lascada em tempos de Revolução Industrial
 
Os infratores, intitulados ‘’estranhos loucos’’
Motivos de risos, pena, ódio e vergonha
Até inveja, por meros mortais poderem alcançar
Pensares a que nenhum dominante ousa chegar
Nesse rebanho de clones, sou mais um cavalo em disparada
Prefiro ser louco num mundo em que os normais se autodestroem
Esperando que seus mitos materializados intervenham