Se há uma sombra em mim, uma escuridão pegajosa

A qual seja tão densa que nenhuma luz pode dissipar,

Como alcançar o brilho dos meus dias e, finalmente m'acalmar

Como os heróis que chegam ao fim de uma jornada majestosa?

 

Como encontrar a purificação se em mim existe tanto mal?

Tanta frieza, insensibilidade e um ânimo para a perversão absoluta?

Meu coração nasceu nas trevas e palpitou em uma geleira bruta,

Porque não sei se tenho amor em meu núcleo, afinal.

 

Para me transformar, enobrecer em mística metamorfose,

O que preciso fazer? Desejar? Beber do bem? Mas em qual dose?

Eu procuro alterar a própria natureza e não me reconheço...

 

O que eu sou hoje para querer ser alguém melhor no futuro?

Quero desbravar a luz, ascender, mas tudo é tão escuro... Tão escuro...

Vou escavando o solo em busca de sol, mas nas trevas, pereço...