Não sei se rasgo de vez,
Ou se costuro.
De desmancho tudo, 
Ou se decoro.
Se aumento o espaço,
Ou se levanto o muro.
Desajuste...
Se eu tirar a goma,
A folha entorta...
Mas se eu deixar,
É folha morta!
Se eu limpar o trilho,
Fica liso...
Mas se eu deixar ficar, perde-se o brilho.
Um pouco de emoção, um pouco de loucura.
A roda passa, a vida dura,
Até o dia em que a poesia desmanche;
E de uma vez pra sempre a música se canse.
A pedra do chão então se abre no meio
E vira-se recheio de uma terra em transe.

Mauricio Lomes
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