Chega um tempo que não tem mais graça
olhar a vitrine, tomar um bom vinho, dançar uma valsa.
Andar por aí, curtir o que vier, sentar-se na praça.
Chega um tempo que não entusiasma tanto
vestir roupa nova, gritar o que choca
e dançar um tango.
Chega um tempo que é outro tempo
rápido, escasso, sem tempo
de olhar à janela, dobrar a esquina,
perder a cabeça, buscar outra sina.
Chega um tempo que o espelho embaça
a beleza das coisas que antes via
e o próprio tempo oferecia…
Vista agora através da vidraça.
Chega um tempo desprovido de vaidade
cada espaço se enche de verdade
o supérfluo se perde com a ilusão
e a vida perde um pouco da graça
dando lugar à razão.
_Carmen Lúcia_
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