Um dia, sem mais nem menos, estaquei ao ar livre

E um homem bem vestido, surgido do nada, veio e roubou-me tudo.

Meu dinheiro, dignidade, enfim... E foi embora, rindo, sem preocupação,

Afinal, quem não se sente feliz em manipular e usar os outros?

 

Então, este mesmo homem repetiu o procedimento com um amigo,

Depois com um vizinho, depois com um parente e, por fim, com o país.

(O irônico é que conforme isto ocorria, seguia-se uma curiosa paralisia...).

Depois disso, meu cérebro começou a indagar, refletir...

 

Quem era, o que era o ladrão que me abordou e assaltou-me?

Por que fiquei eu tão calado, inerte e indefeso?

Justo eu que em situações assim reagiria, explodiria?...

 

É que assim como os outros, eu também não sabia (ou lembrava) da paralisia.

Fiquei ao léu, embasbacado com o que me ocorreu em um dia

E esqueci-me do dia-a-dia onde estes roubos acontecem o tempo todo...