O Farol
Dentro do covil de lobos como ovelha foi jogado, bem no
fundo da caverna de um frio orfanato. Já no meio da matilha de
cordeiro vira lobo e dentro da rebelião ele traça seu escopo.
Sua fuga alucinante termina em um mirante, bem no alto
do velho farol, preso como castigo nos fundos do covil perdido,
sobre uivos de uma alta temporada em duas luas cheias no
quebrar da enseada, de um mar vazio perdido em solidão.
Da vidraça encantada no topo do arranha céu era seu
segundo dia. E ao longe do horizonte seus olhos se perdiam no
silêncio do farol, de sua mente em lembranças no passar de suas
semanas. E no findar daquela cena, surpreendido foi por ela que
de longe o contemplava, perdido em seus conflitos. E ao vê-la
com seus livros meio que atordoada pelo silêncio vigente de sua
fria recordação; ele rompe em melodia sua voz a entoar em
grande sintonia sua musica a declarar;
- No horizonte por traz de teus olhos o mar se esconde.
Tímido mar em ondas que retraem barulhentas no bater de teus
contornos molhados. O azul do céu em elo ao tímido azul do mar
mostra o branco das ondas no aproximar de teu sorriso alvejante
para lhe tentar ofuscar. Porem teus lábios irradia a luz da vida
que ele jamais vai expressar.
- E no profundo alto mar então, uma ilha ele revela;
solitária em rochas profundas de um mar vazio perdido em
solidão. Ó mar tão tímido e voraz, de ondas que vem e que vai,
traga estes contornos molhados pra minhas mãos deslizar, em
aveludada pele macia e assim minha solidão apagar. Então
saberei entender; que tua beleza também tem seu lugar, quando
meus olhos assim contemplarem estes contornos molhados que
trazes pra minha alma amar. Olhando tua beleza escondida em
tua úmida areia fria, em contraste com o horizonte que se
esconde, pelos contornos que trazes ó mar.
Após a declaração sua pele incendeia-se como centelha e
em sussurros de emoção, explodindo feito um vulcão em grande
erupção, ela faz a sua declaração;
- Vejo que és poeta, pois de amor me deixo levar pelas tuas
lindas melodias, que encantam meus olhos a chorar.
- Os olhos, disse ele; é a candeia da alma que ardem pela
emoção do desejo e satisfação do olhar. Trazendo angustias no
cerne, pelas lágrimas que choram por não querer rolar. Assim é o
âmago da minha alma poeta, que suspira por querer ver apagar,
suas lágrimas que caem como orvalho do campo; em minhas
pétalas para as amparar.
- Do farol sempre lhe via quando vinhas se banhar, neste
mar de solidão, a me deixar sempre a pensar; sobre as rosas que
apanhavas em pétalas a jogar, marcando a areia molhada, no
farol sempre a chorar.
- Quem és tu ó guardião vigilante, que está sempre a olhar,
cujo vulto por traz da janela sempre vejo observar?
- Sou uma torre que vigia o vai e vem da alegria. Pássaro
ferido, faminto sem poder voar, nas asas da liberdade e um
mistério revelar;
O Penhor
- No alto do farol, uma escrita na porta jazia, vermelha
feito sangue a selar a minha sorte sobre uma revelação na
seguinte expressão;
- “o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.”
- Por um instante em minha vida, o som do sino eu escutei,
de um passado não muito distante e então investiguei, bem no
íntimo do meu ser; que metal meu coração seria a tinir triste
melodia, perdida no tempo e no vento até não mais se ouvir; se
o perdão não liberasse, ao maquinista que tocava o sino da
despedida no final da estação a partir.
No clarear da lua cheia, iluminando a velha aldeia no alto do
farol se ouvia, uma doce melodia no badalar do sino que ardia,
em belos uivos de perdão;
- Ó doador da vida, que sara minhas feridas; ao soar do meu
perdão ao maquinista distante, leve esta canção em teus quatro
ventos a buscar; a locomotiva errante, até ao fim da estação
chegar.
No fechar de suas cortinas, da janela que ele via, ela voltalhe
a atenção, fitando-lhe bem nos olhos a segurar-lhe pelas
mãos. Em suas meigas palavras num sorriso encantador, outra
janela ela abre, em sua cidade de pedras cheio de arranha-céu e
assustado com a imagem ele suspira para o céu.
- O que vê? Disse ela em sua análise, correndo a escrever e
pintar aquela imagem. - Vejo varias torres iluminadas são faróis
na enseada em acenos com as mãos, de um mundo em conflitos,
pensamentos tão perdidos, muitas vidas em prisões. São casulos
sem escritas, são faróis sem melodias, belos sinos sem badalos
de um trem sem estação.
No pintar de sua tela, misturadas cores amarelas, ela traça
o seu rumo em meio a flores exóticas a mudar a sua sorte, sobre
um ponto de fuga; vermelha rosa profunda, em essências
exalando no ar, a mostrar-lhe o caminho, para do quarto escuro
o tirar.
- Esta rosa é o meu penhor, disse ela a lhe abraçar. Cuida
dela com desvelo pois vou me ausentar, passarei por entre as
flores deste jardim de amores. Se a rosa vermelha murchar e o
perfume não mais sentir; me procure nos faróis pois lá vai me
encontrar, estarei em uma jornada, meus pais vou abraçar. E a
rosa que lhe dei deste ramo que apanhei em nosso jardim de
amores voltará a perfumar.
No passar das luas cheias, seus olhos de saudades se
desfizeram, era uma nova estação de um farol na escuridão,sem
um terceiro dia com sua rosa perfumada no regar de seu penhor,
com suas lágrimas de amor. Suas pétalas macias com o tempo
foram murchando e no enxugar de grande pranto, ao plantar seu
lindo ramo em seu jardim de amores; ele colhe varias flores.
Então, por entre um mundo de torres, de faróis de varias
cores, ele sai a procurar; com sua rosa vermelha aveludada e
macia de seu lindo jardim florido, seu grande amor a buscar pra
seu penhor entregar.
No Engenho do Perdão
Como

alex
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