PATER
Longe se vai o tempo da geração e ditosa criação
Distante se encontra o espaço da exata educação
Como num sonho, desaparece exultante meninice
Sem sequer repreender a tola e fagueira peraltice

Então chega a fase da rebelde e agitada mocidade
Isenta de ilusão e pecado, vai negando autoridade
Consciência tênue de um estranho amortecimento
O que só aflora depois do inevitável discernimento

Do obstinado esforço ao rastreio do maturado ser
Reconhece a figura daquele que não nega acolher
Entende, agora, a necessidade do querido gerador
Admira e exalta a visceral relação com seu genitor

Numa manhã diferente recebe o inesperado aviso
Um grande abismo se abre à sua frente impreciso
E desde então sua lembrança insiste em rebuscar
Amor tão intenso e profundo que nunca vai acabar

Marco Antônio Abreu Florentino


Poema em que faço homenagem a meu pai Antônio Amadeu Florentino, querido amigo falecido em 02/02/2002. Não há um só dia que não deixe de pensar nele, não com tristeza, mas com saudade....saudade... saudade...

Marco Antônio Abreu Florentino
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