Dançar.
Elevar teu corpo a um estágio superior de consciência;
Liberdade.
Pisar o chão das tuas emoções e misturá-las a esmo,enquanto experimentas o apogeu da euforia e da sensibilidade.
Sentidos.
Girar as saias ao infinito,por entre luz e sombra, enquanto as mãos tocam a superfície intangível do céu.
Vento.
Abrir os braços e abarcar todo o universo, no movimento leve e cadenciado dos pulsos e mãos que giram continuamente.
Reunir todas as células do organismo para alcançar poucos segundos de êxtase.
Vida.
Fragmentar o tempo no compartilhar dos instantes de tua respiração.
Alma.
Erguer-se em meio ao caos cotidiano e mergulhar no tecer de experiências nunca antes imaginadas.
Sonho
Alcançar a nota perfeita,enquanto cada parte de si atinge o esforço máximo até conseguir tocar o impalpável,
o efêmero instante de silêncio ,no intervalo da música, em que o ritmo,entretanto, prossegue.Ele não está nas notas.
Esconde-se, imprevisível,nos limites do imponderável, enquanto te lanças ao salto no espaço entre um passo e outro.
Ser. 
E enquanto a mente permanece alheia à razão, a alma se multiplica em nuances difusas e o corpo se desloca em movimentos sinuosos,vertiginosamente, que vão propor um balé por entre as luzes da sala de dança,ao passo que permaneças continuamente em busca do movimento exato.
Perfeição.
Na combinação justa de si ao outro, não há espaço para a falha.
Todo o movimento,todo gesto cabe dentro do exercício abstrato, eterno, de ampliar o sentir, por entre giros e braços que não param de mover-se ,
traçando linhas invisíveis,por onde a teia da arte emaranha a todos nós.
Ali,no entremeio entre o início e o fim das aulas, depositamos uma a uma nossos melhores bocados de magia, dispostos no colorido das saias, nas rosas que se prendem nos cabelos soltos, nos véus e leques que se abrem continuamente.
São nossas almas que se abrem ao sonhar coletivo,que faz da dança um compartilhar de vivências e torna o estar ali uma necessidade física,quase como respirar.
Enquanto dançamos, somos movimento e cores.
Vamos além da morte,tornamo-nos luz.
É preciso ter coragem para dar o primeiro passo,em direção ao escuro e vazio de nossas incertezas.
Mas ao jogar a alma no mover-se contínuo,não há mais espaço para dúvidas.
Estamos ali, inteiras,infinitamente
 
publicado originalmente em :http://magiaerazao.blogspot.com.br/2014/05/dancar.html

Tati Mendes
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