A razão de toda a existência

É possível avaliar um sentimento? Pesar uma afeição? Medir o entusiasmo ou regular uma paixão? Estamos conectados, seguimos uma ordem natural, um preceito imposto a cada ser como dádiva divina. Somos cativos a esses sentimentos. O ser humano é um indivíduo preso a seus instintos, ainda que racional. (Amar de forma irracional, ou optar pelo inefável abismo solitário da razão?) Não há como negar, existe em cada ser a necessidade de suprimir as emoções, mitigar os anseios e saciar desejos concupiscentes. O campo sentimental é como uma selva em que vencerá o mais forte, em seu interior existe um contrassenso, um leão a ser abatido. Todavia, esse caminho é uma senda serpeada, um campo minado, pérfido, em que o perspicaz é dominante. Esse “vencedor” não somente se valia de sua argucia instintiva, como de um desprendimento sentimental especial, diferente dos demais. O ser humano é capaz de amar racionalmente, responder a esse sentimento e submeter-se a suas condições. Desde o útero aguardamos o contato materno, a ânsia pelo amor tornou a experiência embrionária um ensaio prodigioso. O amor, no entanto é um admirável paradoxo, um bem comum, o atributo peculiar em cada ser, o domínio de um e a sujeição do outro. O amor é inerente como a alma, é a essência de cada ser, um nobre sentimento, uma busca; a razão de toda a existência. 

Paulo Master
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