Ao encontro da paz

Volto do trabalho pra casa, cansado, esgotado
no calor, no aperto, trânsito lento, um tormento
enquanto viajo, sinto-me sufocado, preocupado, ansioso
vou pensando, vou lendo, estou sobrevivendo
ao mesmo tempo sigo observando e sendo observado
tantas coisas passam pela minha cabeça, família, sonhos
realizações, mil pensamentos, escolhas, decisões, vontade
desejos, inúmeras situações, coisas normais do presente
planos para o futuro e até mesmo coisas do passado
abro um pouco mais a janela, sinto o vento no rosto
sensação de liberdade? Não sei, talvez, quem sabe!
a vida não tem atalhos e nem sou senhor do tempo
é preciso dar um passo de cada vez, volto ao livro: Dever de Capitão
sorrio, é assim que me sinto, meus filhos, meus netos, meu time
sou comandante, mas também sou comandado
cumpro com a minha obrigação, porque a vida é tão breve
o caminho é apertado mas não posso esquecer que sou pai
sou marido, sou um homem apaixonado (sorrio de novo)
fechei as páginas do livro, medito, suplico, respiro um pouco
olho o movimento, me acomodo, tento controlar em vão
meus pensamentos, cochilo, mas não adormeço, não posso dormir
preciso seguir falta pouco, isso me anima, a linha de chegada se aproxima
serei vencedor, sou um homem comum, reconheço
tenho fraquezas, luto contra as incertezas, com a falta de tempo
ando indeciso, não sei se vou ou se fico, o que faço?
entrego tudo nas mãos de Deus, relaxo, são coisas de cidade grande
tanta correira, atropelos, um entra e sai, me falta energia, disposição
eu quero sossego, parece que trabalhei demais, quero paz
estou voltando pra casa, deixo esse dia pra trás, ele passou
não percebi, já é noite mas ainda tem sol, logo mais tem futebol
hoje não me empolgo, só as inocentes crianças, no mundo de confusão
me faz ver a alegria e como em conto de fada em minha casa eu entro
deixo a bagagem do dia quando em meu sofá eu me sento
me revigora um banho e a sua companhia, esqueço as dores do dia
essa é minha rotina, minha sina, é a vida que me ensina
mas as vezes penso que não serei capaz de aguentar
cheguei ao limite da força, preciso me renovar, reciclar
lutei nas trincheiras e em céu aberto, ganhei e perdi batalhas
criei filhos, criei netos e não ostento nenhuma medalha
mas da coroa da vida sou merecedor, derrotei inimigos invisíveis
todos no meu interior, a inveja, a mentira, a preguiça, o desânimo
e a total falta de amor, fiz tudo o que podia pela fé em meu Senhor
ela foi inseparável como de Deus seu favor
minha mente ainda percorre e na velocidade da luz me engana
enquanto a mente é sana, meu corpo ao tempo se curva
e ao descanso reclama, chegou a hora doutor
não almejo grandes coisas, a simplicidade me satisfaz
e como soldado valente, que não desiste jamais
que do Capitão as ordens seguia, e ao findar minha carreira
vou ao encontro da paz...

Zeca Moreira
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