Leva, mar, a flor agonizante
Que cedeu pétalas aos ventos,
Deixa que corra entre mirantes
E seu perfume seja sentimentos.
 
Vem, flor, seduze meu olfato
E embriaga minha solidão
Tão carcomida pelo retrato
Que envelhece meu coração.
 
Deixa, mar, a flor na passarela
A remoer uma saudade sem cor,
Mas cujo caule é sabor e procela
Que pelas águas descreve amor.
 
Oh, flor! Teu cheiro virou ternura
E desnudou as ondas sem censura!

Ivan de Oliveira Melo
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