O trem passa apitando em minha janela
E um bronze de cor branca que é fumaça
Invade os contornos do olhar que disfarça
Não entender que o grito do trem é tagarela.
 
Do alpendre contemplo o azucrinar dos trilhos
E o trem segue destino entre curvas e retas
Consumindo horas sob o despontar das setas
Que demarcam caminhos entre rosas e lírios.
 
Lá se vão em comboio alqueires de esperanças
Irradiando alegrias e arrancando das crianças
O sorriso imberbe que enche o ar de fantasia...
 
As saias rendadas rebolam e o povo se agita,
Donzelos contemplam o desfilar das raparigas
Que boicotam a sensualidade acenando utopias!

Ivan de Oliveira Melo
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