O Que é o Hábito da Santidade?

 

Hábitos que são adquiridos pela repetição de muitas ações têm uma eficácia natural para serem preservados por si mesmos, até que alguma oposição que lhes seja muito difícil para suportarem, prevalecem contra eles, o que é muitas vezes (embora não facilmente) feito. 
Mas a santidade é preservada em nós pelas atuações constantes e poderosa influência do Espírito Santo. É Ele quem opera isto em nós, e que também o preserva em nós. E a razão disto é, porque a fonte da santidade está em nossa cabeça, Cristo Jesus; sendo apenas uma emanação da virtude e do poder dele para nós, pelo Espírito Santo; se isto não é real, e sempre continuado, o que está em nós iria morrer e murchar de si mesmo. Veja Ef 4.16; Col 3.3; João 4.14. Isto está em nós como a seiva frutificante está no ramo da videira ou da oliveira. Isto está lá real e formalmente, e é a causa da frutificação do ramo. Mas não pode viver por si mesmo, senão por uma emanação contínua e comunicação da raiz. Deixe que seja interceptado e murchará rapidamente. Assim se dá com este princípio em nós, no que diz respeito à sua raiz, Cristo Jesus. 
Embora este princípio ou hábito de santidade seja do mesmo tipo ou natureza em todos os crentes, em todos os que são santificados, ainda há neles graus muito distintos do mesmo. Em alguns, é mais forte, vivo, vigoroso e florescente, em outros mais fraco, débil, e inativo, e isso em tão grande variedade, e em muitas ocasiões, que não pode ser aqui descrito. 
Embora o hábito de santidade não seja adquirido por qualquer ato de dever ou obediência, pois nos vem de fora e é divinamente preservado, aumentado, fortalecido e melhorado celestialmente, Deus tem designado que devemos viver no exercício dos mesmos, e através da multiplicação destes atos e deveres, ele é mantido vivo e operante, sem o quê será enfraquecido e decaído. 
A operação de Deus na nossa santificação é expressada em Deut 30.6: “O Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, para amar o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e de toda a tua alma, para que vivas."
A finalidade da santidade é para que possamos viver, e o principal trabalho de santidade é amar o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração e alma. E isso é o efeito da circuncisão do nosso coração por Deus, sem a qual não existirá. Cada ato de amor e de temor, e, consequentemente, de todos os deveres de santidade quaisquer que sejam, é uma consequência da circuncisão dos nossos corações por Deus. 
Deus escreve sua lei em nossos corações; Jer 31.33. "Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei em seus corações." O hábito ou princípio que descrevi, nada mais é que uma transcrição da lei de Deus, implantada e permanente em nossos corações, que nos leva a concordar e a corresponde com toda a vontade de Deus expressada nela. 
Esta é a santidade quanto ao seu hábito e princípio. Isto é mais plenamente expresso em Ezequiel 36.26, 27. "Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.”
Todo o conjunto de tudo o que a obediência real, e todos aqueles deveres de santidade que Deus exige de nós, estão contidos nestas expressões: “andeis em meus estatutos, guardeis os meus juízos para praticá-los." Antecedentemente temos o princípio e causa: Deus dá um novo coração e um novo espírito. Este novo coração é um coração com a lei de Deus escrita nele, como antes mencionado; e este novo espírito é a inclinação habitual deste coração para a vida de Deus, ou para todos os deveres de obediência. E aqui a suma de tudo o que temos afirmado, é confirmada; ou seja, que antecedentemente a todos os deveres e atos de santidade quaisquer que sejam, e como a segunda causa deles, há, pelo Espírito Santo, um novo princípio espiritual ou hábito de graça, comunicado a nós, e habitando em nós, então a partir disto somos feitos e denominados santos. 
 
Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
 

 
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Silvio Dutra
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