Quando

Quando derribadas as utopias,
Açaimadas nas veredas da paixão;
Quando desbotadas e murchas as pétalas
Do irrigado e florido plantio da ilusão;
Quando as ausências povoadas de saudades
Empalidecem o horizonte da razão;
Quando dita o dia o despertar da luz
E teimosa segue a vida rendida á escuridão;
Quando os pesados grilhões da verdade
Aprisionam as asas da imaginação;
Quando acinzentada bruma das pagas
Apagam as cores da inspiração;
Quando a noite desperta o alarido
Nos surdos gritos subidos do coração:
Descalças de futuro e de presente,
investidas de seu domínio rígido,
Repetem-se agora as horas em vão
Consagrando-nos por oferendas
As débeis essências do passado,
As ausências travestidas de lembranças,
As somas dos silêncios do presente,
O amanhã de repleto vazio,
A solidão.

Manito O Nato
© Todos os direitos reservados