Sábado à noite começa minha luta vou
Preparar um bolo e comprar umas frutas
Sabonete, pasta de dente e separar algum dinheiro

Vou deixar a comida pronta amanhã e só por
Nas vasilhas quando esfriar
Deixo tudo pronto para não me atrasar

Deito na cama descanso um pouco
Até as 4:00 da manhã chegar

Quando o relógio toca, me levanto e me
Arrumo estou indo visitar o meu filho

Sacolas nas mãos, mochila nas costas
Vou saindo antes do sol nascer

O ônibus está lotado e o trem amarrotado de gente
Mais ainda assim, tem gente sentado no lugar
Preferencial que finge que está dormindo para
Não dá o lugar a essa senhora

Finalmente graças a Deus, cheguei ao meu
Destino ao Presidio Estadual Franco Souza

Logo na entrada vejo várias famílias na mesma
Situação que a minha, mães, pais, filhos e irmãos
A espera de reencontra o seu ente querido

Entro na fila, espero a minha vez, quando chega
Dou meus documentos e abro minhas sacolas
E a mochila, tudo é revistado meu arroz, o feijão
A mistura, a farofa até o bolo é furado a fim
De achar alguma coisa escondida

Depois de revirar todo o alimento e produtos higiênicos
Que trouxe para meu filho, mandam eu entrar
Numa salinha e tirar toda minha roupa

Passam a mão em meu corpo e pedem
Para mim se abaixar em baixo de um espelho

Eu me sinto incomodada, isso para mim é muita
Humilhação, revistam meu corpo minhas sacolas
E me tratam como lixo, mais fazer o que é o único
Modo que tem de ver o meu filho

Quando me liberaram me conduzem aos corredores
Passando ao acesso ao pátio de visita

De longe avisto meu filho, encostado na muralha
Do presidio, cabisbaixo e com um semblante triste

E que imediatamente começa a sorrir quando me vê
Dizendo: mãe que saudades, só faz uma semana que
Te vi e parece que passou uma eternidade aqui

Me abraçando apertado, me dá um beijo no rosto me
Falando: como queria ir embora daquele lugar

E eu como de costume me emociono ao
Ver meu filho assim sofrendo pelo que fez

As lágrimas escorrem pelo meu rosto
Não consigo me controlar
E ele me diz: calma mãe logo eu saio daqui

Ele pega as sacolas de minha mão e me
Leva em direção as mesas do pátio

Forrei então a toalha florida de casa na mesa
Para ele se recordar um pouco do seu lar

Fui colocando as vasilhas de comida na mesa
Preparando tudo para servi-lo

Coloquei sua comida no prato, abri o refrigerante
E fiquei ali parada observando - o a comer

Com uma vontade incontrolável ele ia se saciando
A cada colherada que comia, terminando a refeição
Dei a ele um pedaço de bolo

Quando terminou de comer dei a ele a sacola com
O kit higiênico e o dinheiro que tinha economizado
Da minha aposentadoria me agradeceu
Dizendo: que me amava muito

Me contou como estava a sua vida lá dentro
Que não era para mim se preocupar que ele ia ficar bem

Passamos a tarde conversando, fui contando como
Estava nosso bairro, seus amigos e irmãos

E quando menos esperávamos, bateu o sinal
Indicando o fim da visita

Abrace - o apertado, não queria deixa - ló ali, naquele lugar
Recolhi as vasilhas da mesa, dobrei a toalha da mesa
Arrumei as sacolas e me despedir com um beijo no rosto
Falando: que Jesus te guarde e o livre de todo mal

Fui saindo daquele lugar, passando por grades e muralhas
Olhei para trás e uma dor imensa no peito me dizia: que
Uma parte de mim tinha ficado ali

Novamente me emocionei e comecei a chorar
Quando o meu filho deixei para trás

Mais fazer o que foi o caminho que ele escolheu
Preferiu o crime do que a família ai foi só lamentos

Minhas orações e choros na madrugada a dentro
Pedindo para Deus o perdoar, mudar seu coração
E o livrar de todo mal naquele lugar

Só Deus sabe que eu passo sem meu filho por perto
Acordo muitas vezes a noite com pesadelos e preocupada
Com seu bem estar, juntando dinheiro da onde não tem
Para pagar advogado e para comprar suas coisas para não
Passar muita necessidade, naquele lugar que não reabilita ninguém

Dennil Wolker
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