O BANHO


O BANHO
Esta cansada anda pelo quarto
Esta sozinha, os filhos não estão.
Senta na cama, pensa na vida, que dia!
Que preguiça, tira um sapato, chuta o outro pelo chão.
Sorri, pensando num amigo, Ele é surreal.
O aparelho nos dentes incomoda um pouco
É o preço e sorri de novo, o riso dolorido.
Deita-se na cama, olhos fechados, sozinha.
Abraça seu corpo fazendo carinho
Preciso de um banho diz alto levantando-se da cama
Tira a blusa joga-a no chão, a calça sobre a cama.
Hoje não vou arrumar nada, pensa.
Vai ate o closet quer uma tolha nova
Pressiona contra o rosto sentindo seu cheiro e maciez
É quase um carinho
Entra no banheiro, não se olha no espelho, ainda não.
Tira o soutien e depois a calcinha deixa-os na pia
Abre a ducha e deixa a agua correr
Fecha os olhos e se lembra de algo
Sai do banheiro, esta frio e seu corpo se arrepia,
Seus mamilos se endurecem, ela sorri.
Então pega o seu sabonete preferido
Natura Tododia Frutas Vermelhas
Cheira-o profundamente e volta correndo para o banheiro
Agora ela é uma menina sorriso nos lábios
Aparelho nos dentes e o cansaço já se foi
Olha a agua escorrendo da ducha
Quente e sedutora
Molha primeiro o pé direito e vai se molhando aos poucos
A perna, a coxa, o ombro direito.
Olhos fechados, mente vazia.
Vira-se bem devagar molhando as costas
A agua escorre pelo seu corpo
Com prazer e volúpia
Pelo ombro esquerdo, quadril, perna e pé.
Desvia o rosto da agua, deixa-a cair sobre os seios,
Ela desliza pela barriga...
Abre os olhos, ainda não decidiu se lava os cabelos.
Esta tarde, quase meia-noite, fecha os olhos e mergulha o rosto na agua,
Decisão tomada, mais uma de muitas, mas não pensa nisso.
Não agora, seu banho é só seu e é sempre assim.
Pega o sabonete mergulha na esponja
Seu perfume exala pelas brumas do banheiro
E a espoja começa seu passeio sublime
Pelos seios, barriga, braços, pescoço,
Desliza pelas belas coxas e pernas
Vênus esta limpa e perfumada
O cóccix também
Falta agora uma massagem nos pés
Estão doloridos
Ducha no rosto para retirar
A mascara de todo dia
E a pouca maquiagem que usa
Um pouco de xampu nos cabelos
Amanha vou ao salão, decide.
E agora as brumas densas
A agua pelo corpo
O perfume do sabonete
Os olhos bem fechados
A mente limpa
E toda a maldade do dia
Descendo pelo ralo
Fica assim agua pelo corpo
Morna envolvente, luxuriante.
O “amigo” lhe sorri...
Fecha a torneira e o invasor
Sai do Box, passa a mão no espelho,
Agora se olha através da nevoa quente
O rosto renovado e as marcas da vida
Mas ainda é a menina e o mundo é bom
Pega a tolha macia, que delicia, que carinho.
É tudo que quer, é tudo que precisa.
Um numero 5 cairia bem pensa sorrindo
E corre para debaixo dos seus edredons
Dorme imediatamente e feliz
E seu 16.060 dia, chega ao fim.

 

Antonio Reis
© Todos os direitos reservados