Lá pelas bandas do sertão,
Lá onde o vento da noite assobia como assombração,
Contam lendas e estórias de arrepiar,
 
Feche os olhos e deixe sua imaginação voar,
Olhe agora com cuidado e atenção,
Veja a terra seca, o sertanejo na lida,
 
Sinta a vida que não se cansa de viver,
Em cada amanhecer castigado pelo sol,
Em cada entardecer de esperança,
 
No final do dia reza-se a ave Maria,
Pede-se ao padre Cícero uma benção,
É coisa simples, só que chova um tiquinho.
 
Para a terra fornecer o trigo, o milho e o feijão,
Lindo sertão de sofrimento,
Onde o jumento é o motor que não se cansa,
 
Será que realmente um dia o sertão vai virar mar?
Se virar pelo menos haverá peixes,
E a vida seguirá seu curso a cada nova maré.

Cesar Garcez
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