O Sonho de José
A José Wilker
“O Zé era um cara brincalhão, mal-humorado mas de um jeito engraçado” Genésio de Barros
“A obra do Zé é seu grande legado”. José Mayer
“O Zé era um homem sofisticado e de ironia fina” Tony Ramos
 
-“Mas onde estou? Por que acordo aqui?
Uma nação toda espera pelos meus personagens,
Intriga-me este imenso portão...Será miragem?
Tão estranhamente me sinto, onde caí?
O homem não tem direito de saber de seu destino?
 
O que me causa mais espanto neste desatino
Bem mais que a dor que trago no peito
Roendo-me a alma, é esta lembrança
Inconsciente talvez, de que me encontrava ao leito
Guardando sonhos, planejando peças, filmes, passos, danças
Agora estou aqui?! Diante deste portal imenso...
De certo é um sonho! Mas por que é tão intenso?
Ontem mesmo, recordo-me, eu ensaiava na ribalta...
 
Jamais pensaria que a morte se dá como esta falta
O que agora sinto em meu coração...
Senhor, por acaso terei morrido, deixei tudo em vão?
É assim que termina meu filme derradeiro?”
 
-“Wilker! Ouça-me! Veja-me aqui!” – disse uma voz
Irmanante e logo se apresentando ao abrir-se o portal dantesco –
“Leve será teu sofrimento! Reconhece-me? Não estamos mais sós!
Kubitschek, Giovani Improtta, Delmiro Gouveia, Mundinho Falcão...
E tantos outros representaste! Mas agora, vieste ao cenário real, sem ilusão...”
Reconheceu sim a pessoa, era o Padre Cícero a receber um filho de Juazeiro.