AO POETA VALERIANO LUIZ DA SILVA
(falecido anteontem no Brasil)
Da vida, já cortaste a dura meta
e vou esta cartinha te escrever:
gostava dos teus versos, meu poeta!
Mas poucas vezes vim aqui dizer.
Que o tempo nesta vida voa ou foge
(desculpa, não o meu! estou no pelotão...)
E pelo que não fiz venho aqui hoje
pedir humildemente o teu perdão.
Gostei de pressentir que a tua gente
te amava, como tu os amarias.
Já foste... e a minh'alma está doente...
Tristezas. Amarguras. Agonias.
Deixaste a nossa aldeia... esta do Mundo.
Cessaste de escrever pra todos nós.
A carta já de lágrimas inundo
Lendo o que escrevo, embarga-se-me a voz.
Separa-nos um espaço, um oceano,
Pra dar (tardiamente) o meu abraço.
Mas quero neste gesto que é humano
Dizer-te que nos ata o mesmo laço...
...aquele que nos prende à tal vontade
de querermos só amor... um forte elo!
Amigo, um até sempre! Com saudade.
Descansa agora em paz.
De mim: Sustelo
Joaquim Sustelo
© Todos os direitos reservados