O condenado lânguido
estira-se ao chão;
falta-lhe ar [respiração doentia]
em seus pulmões enegrecidos.
A peste ataca-lhe o corpo
(são eles a praga do mundo).
Pobre hipocondríaco justificado!

Paredes ruindo em pó
cercam-no de escuridão
e percorre-lhe a espinha um calafrio
(espasmos enraivecidos)
na solidão gélida de seu tormento.

"Que fizeste, demônio?
Qual pecado é o teu, pobre alma?"
[pergunta-lhe o mundo]
Seus roxos lábios tremem,
mas não proferem palavra.
Há muito não lhe restam forças.

Deformado habitante das trevas,
em podridão se consome sua carne.
"Luta! Espanta os ratos de ti!
Ergue teus olhos e vê a luz!"
[aconselham-no os passantes]
Tudo o que pode fazer é observar
as longas horas que se vão em desespero calmo.

Agarra uma corda e
enlaça o pescoço.
A salvação é tão próxima!
Mas falta-lhe coragem.
Maldito covarde! Foge do medo e da solução!

Com muito esforço, olha-se no espelho.
Assombrado, percebe que quem o encara...
sou eu.
Sou eu aquele monstro refletido na negridão
de meu quarto.
Sou eu quem me torno progressivamente nada.
Sou eu o leproso e sofredor!
E é o mundo minha prisão.

Eternamente frio...

Victória Fiirstz
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