Residente em Fortaleza, adoro poesias e artes plásticas,
sonho com um mundo melhor sem guerras e sem maldades.

 

 

 

PREFÁCIO

 

João Marques, conhecido e combativo sindicalista, resolve agora mostrar o poeta que estava latente, lá dentro dele, entre o ser e o não ser. Todo o sentimento acumulado, toda a experiência e memória de toda uma vida, se expressa em forma poética neste livro que chega às mãos dos leitores de uma forma ousada e provocadora. Ousada porque estimula a avidez da inteligência sensorial e intuitiva que cada um tem dentro de si. Provocadora, pois tanto o sentimento como a razão se insere numa realidade social que precisa ser mostrada e encenada para uma coletividade universalmente humana. A poesia de João marques nos chega de uma forma libertadora, porque comprometida com a transformação da sociedade, mas também com o homem e o poeta que habita esse mesmo João, um ser que se arremessa para uma constante transformação interior, como bem se coloca em um dos seus mais belos poemas: Nasce mais um dia, Numa manhã igual às outras, O dia acordou num sonho de noite fria. Neste dia, não mais que outro dia, Os raios brilhavam na escuridão que findava, O sol sorria quente Deixando-lhe escapar a ternura ardente. Tudo era euforia, Não existiam mais chaminés, Nem nuvens negras de fumaça. Os peixes já não mais morriam As águas dos rios não espumavam. ........... João continua em seu poema Fronteiras, imaginando um mundo sem fronteiras, idílico, onde todos estão em felicidade e 4 onde só o amor compensa o amor. Na verdade, o poeta João Marques reconstitui o mundo da poesia, onde moram criaturas alegres e bondosas. Mas não se esquece que este mesmo mundo é cheio de contradições e clama por justiça: Vermelha é a face das crianças que choram de fome. Vermelha são as tetas das mães que as alimentam Vermelho é o sangue que jorra dos sem-terra “Vermelho é o meu coração Mas a minha bandeira é verde e amarela” Só tenho a acrescentar, em nome dos leitores que se deliciarão com seus versos, é que nós ganhamos mais um momento de humanidade com a poesia, em consonância com as aspirações, as necessidades e esperanças de um povo.

 

 

 

Nilze Costa e Silva

 

 

 

Escritora, especialista em Teoria da Literatura pela Universidade de Fortaleza. 

"Que a palavra se torne livre diante da opressão do pensamento"

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