SOBRE UM PADRÃO TOMBADO POR TERRA

 
 
SOBRE UM PADRÃO  TOMBADO POR TERRA
 
Se tudo foste já que poderei
dar-te ainda de novo (que surpresa?)
se te vejo repleto de fraqueza
talhada num granito de cegueira?
 
Nestapalma de mão tomar o vento
e levar-te sem fé ao teu ouvido?
Na total escuridão um sol ardente
prender e pô-lo junto a ti submisso?
 
Mas como conseguir que a tua face
em silêncio absoluto me revel
onde se escondem gotas vãs de pátria
ou sopro semelhante p’ra louvar-te
 
Não sei que embaciou o claro espelho
da comunhão d e outrora: a breve cinza
manchando a pouco e pouco e repentina
qualquer réstias ainda de firmeza.
 
Água em taça de barro sem cozer,
um barco a submergir na tempestade -
é o que eu sinto          para lá do espelho
que embora exista      não reflete nada.
António Salvado

António Salvado
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